Essa noite tive mais um daqueles pesadelos, com os quais acordo suada, parecendo ter lutado a noite toda.
Por quase um ano eu me debati com a Lúcia e era fácil definir: pesadelos doloridos, a tentativa - ou a única maneira - de trabalhar as tristezas profundas que aquela mulher encravou em mim. Eles foram diminuindo de frequência, mas nao desapareciam por completo e, vira e mexe, lá estava ela de novo com seu sinismo, seu egoísmo, suas afirmacoes absurdas... Novamente entrando na minha vida, dominando meu cotidiano, me mantendo presa em sua rotina maluca! E eu me perguntando, quando, meu Deus, isso acaba.
Talvez, assim como só se cura um amor perdido com outro, uma dor perdida, só se cure com outra. No fim de 2008 a morte da minha avó me trouxe a dor mais forte, a que eu jamais imaginaria que ia sentir. Foi em um sábado, meu pai me disse que ela tinha entrado em coma. Eu já sabia e tanto já sabia e tanto já sentia, nao haveria volta. Nao houve choro, grito ou estremecimento que pode aliviar a punhalada que sentia no peito... Como agora nao há, como agora a dor ainda está aqui.
O Norman me disse que também se sentiu assim quando seu avô morreu e que o sofrimento se tornará menos frequente, mas que nunca desaparecerá. E assim comecou uma nova série de pesadelos na minha vida, que dessa vez poderiam até ser sonhos, porque nao? Antes tê-la de alguma forma junto de mim. E eu adormeco.
Minha mae me liga dizendo estar apavorada, que haviam dito para ela que a vovó tinha falecido, que meu pai havia dito isso para ela, mas que quando ela chegou em casa, a vovó estava lá, tinha vindo para jantar. Nesse momento vejo a imagem da minha avó, sentada na mesa do fundo, mas que olhos sao aqueles? Que olhos vidrados sao aqueles? Que pele? Que...? Engulo seco...
Escuto pancadas na porta, uma voz atormentada grita meu nome e diz que quer entrar, que eu tinha que abrir, que ela vinha me visitar... Minha mae ainda está na linha e me diz para nao abrir, aquela nao é a minha avó, a vó que eu conheci...
Fizeram um experimento no hospital, que se faz agora com pessoas que estao em coma, arranca-se as unhas do pé e injeta-se oxigênio por cada poro. O oxigênio chega entao no cerébro e reanima a pessoa. Só que ainda nao conseguem entender o que acontece com a personalidade deles... Eles nunca mais estarao de volta por completo.
21 janeiro, 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário