18 agosto, 2008

"Será que sou eu?"

Quantas vezes na vida é inevitável perceber que alguém com quem você convive cotidianamente, que considera um amigo ou alguém próximo é muito mais nocivo para sua vida do que benefíco? E começar a perceber que o indíviduo é totalmente inconsistente, chegando beirar a insanidade.

Mas tenho uma paciência de jó e demoro muito para constatar que alguém é de fato o ó-do-borogodó, ou seja, uma merda e que eu devia ter saido correndo logo quando a desconfiança apontou. O que demora quase sempre seis meses ou até um ano para acontecer.

Devido a esse paradoxo eu sempre me pergunto: - Será que sou eu?

Talvez eu tenha uma personalidade confusa, um tanto quanto depressiva e canalha, incapaz de ser grata às pessoas pelo pouco que fizeram por mim.

Eu acreditdo que somos todos essecialmente egoístas - eu inclusive. Muitos não por maldade, é um mecanismo de defesa, é a lei da selva: "Se correr o bixo pega, se ficar o bixo come..."

Mas existem pessoas que de tão egoístas, passam a ser insuportáveis... E elas são egoístas em todos os sentidos do ego; só pensam em si, pensam que as próprias idéias são melhores do que a dos outros, acham que fizeram tudo na vida melhor do que todo mundo e que todo mundo deveria fazer tudo na vida como elas fizeram.

E são essas a razão da minha maior revolta. Não consigo evitar e sinto asco de pessoas assim. Demoro muito para determinar que esse ou aquele pertencem a essa categoria. Prefiro acreditar que não, acreditar que elas não fazem por mal.

Não gosto de julgar. Não gosto de categorizar.

Então pergunto de novo: - Será que sou eu?

Será que sou eu tentando encontrar defeitos na tal pessoa, por ter me irritado em algum momento e, como toda criança mimada a não ter seus desejos realizados, estou batendo o pé e criando confusão.

Será que sou eu a egoísta-egocêntrica? E já que a pessoa não quer jogar o meu jogo, prefiro desacartá-la, desmoralizá-la?

Será que sou eu? Será que a maldade tem raízes tão inconscientes? Por que se sou eu, não faço isso por maldade... Quando dou por mim, o asco que sinto do fulano é tão grande, que fica difícil falar, olhar, suportar. Aí, então, preciso de distância, preciso que a pessoa suma.

Tento ser auto-crítica e direcionar os julgamente primeiramente a mim.

Mas mesmo assim, essas pessoas se tornam um pesadelo na minha vida.

Por que elas não deixam os outros quietos? Por que elas pensam que as outras pessoas são imaturas, são inocentes, são bonecos nas mãos delas? Por que elas batem no peito para mostrar que são melhores, mais inteligentes, mais experientes...

Por que elas me fazem sentir tão insignificante, tão chucra?

E eu ainda me pergunto: - Será que sou eu?

08 agosto, 2008

"- Sei que não vou por aí!"

Cântico Negro

José Régio

"Vem por aqui" - dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...

A minha glória é esta:
Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguém.
- Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe

Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...

Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?

Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...

Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.

Como, pois sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tectos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...

Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém.
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
- Sei que não vou por aí!

04 agosto, 2008

Ada

Ela é tão "petitica" para a idade dela. Tem 14 meses, mas parece que ainda tem 10. Nada para se preocupar, eu também fui assim, gente baixinha é baixinha desde o princípio. Já foram ao médico e ele concluiu que ela é "baixinha".

Confesso que me apaixonei. No primeiro dia que brincamos juntas por uma longa tarde, fiquei surpresa com a doçura dessa criança. Ela só reclamou - e não berrou ou ficou maluquinha - quando era hora da papinha e, depois, na hora do soninho. Caso contrário ela é toda sorrisos ou concentração.

Pode parecer incrível, mas já tão pequenininha, a mocinha tem uma capacidade de concentração escepcional. Ela gosta muito de andar e ficar olhando pedrinhas e coisinhas que encontra pelo caminho. Adora brincar na areia e ela olha tão atentamente tudo que está acontecendo com a areia enquanto brinca... É simplesmente apaixonante.

E ela tem uma personalidade incrível. Ontem estavámos todos em um lago, mas o tempo não estava colaborando, entre um "solzinho" e outro, chovia muito. Mas a Alex e o Adam (pais da Ada) decidiram nadar ainda assim - eles vem da Polônia, 20 graus é um super verão! E eu e o Norman ficamos com a Adinha, mas devíamos ficar protegidos da chuva. Claro que a Ada não estava nem um pouco preocupada e também queria brincar na chuva. Ela tentou sair do coberto uma vez, o Norman a trouxe de volta. Uma segunda vez e ele a trouxe novamente. Acredita que ela parou na frente dele e ficou olhando feio para ele por uns dois minutos como quem diz: -Escuta aqui grandão, quer me deixar em paz!

Ela ainda nao me entende muito bem... Afinal, a tia aqui fala só língua esquisita e só sabe cantar musiquinhas em português.

Amanhã vamos brincar juntas novamente! Já estou contando as horas.