27 outubro, 2010

Enxaqueca

A enxaqueca é um desequilíbrio químico no cérebro, envolvendo hormônios e substâncias denominadas peptídeos. Esse desequilíbrio resulta de uma série de outros desequilíbrios neuroquímicos e hormonais, decorrentes do estilo de vida e hábitos do portador da doença enxaqueca, e também de uma predisposição genética. O resultado é uma série de sintomas, que podem ir muito além da dor de cabeça. Por sinal, existem casos de crises de enxaqueca sem, ou com muito pouca dor de cabeça. Geralmente porém, a dor de cabeça é o sintoma mais dramático da enxaqueca e sua intensidade, apesar de variável, na maioria dos casos é moderada a severa.

A dor de cabeça da enxaqueca pode ser latejante (pulsátil), em peso, ou uma sensação de "pressão para fora", como se a cabeça fosse explodir.

A localização da dor de cabeça da enxaqueca pode variar de crise para crise; raramente dói sempre no mesmo lugar. A dor da enxaqueca pode ocorrer em qualquer lugar da cabeça, inclusive na região dos dentes, dos seios da face e da nuca, dando origem à confusão com problemas dentários, de sinusite e de coluna.

Os demais sintomas da enxaqueca compreendem náuseas (enjôo), vômitos, aversão à claridade, ao barulho, aos cheiros, hipersensibilidade do couro cabeludo, visão embaçada, irritabilidade, flutuações do humor, ansiedade, depressão (mesmo fora das crises) e lacrimejamento. Um indivíduo não precisa apresentar todos estes sintomas para ter enxaqueca. Normalmente apresenta alguns deles, em graus variados.

A duração de uma crise de enxaqueca é, tipicamente, de 3 horas a 3 dias, seguida de um período variável sem nenhuma dor de cabeça. (http://www.enxaqueca.com.br/enxaqueca/enx_perg_oquee.htm)

E a minha chegou na segunda, se comportou melhor ontem e acabou com o dia de hoje.

Desde 2007 lido com as crises mais ou menos frequentes de enxaqueca. Ou com as crises mais ou menos suportáveis.

E, hoje, quarta feira, minha cabeca doía, pulsava. A dor procavando enjôos e ansia de vômitos.

E o dia foi assim:

  • primeira aula: 8:00 às 10:00
  • janela: 10:00-12:00 (xerox, café, tarefa, almoco)
  • segunda aula: 12:00 - 14:00
  • terceira aula: 14:00-16:00
  • quarta aula: 16:00 - 18:00
Acompanhado da pulsacao do crânio e da reviracao do estomâgo.

06 agosto, 2010

sono...

E a noite foi terrível. E o relógio de parede que insistia em me lembrar que dormir nesse momento nem é o que vai trazer o sorriso de volta.

Triste ter que admitir que o esforco de um nem sempre conta de dois. Exatamente no momento em que as lágrimas superam os sorrisos. Que a inquietude supera o sossego. E o silêncio nem é mais sinal de paz de espírito.

A gente constroí castelos no ar. A gente traz expectativas. A gente sugere um mundo todo. Mas o outro é livre para fazer seu caminho. A dor de sentir-se sozinha em companhia de alguém. A dor das batalhas perdidas... E o medo de que seja tarde de mais, para mim, para ele, para nós.

Tristeza, tristeza, tristeza...

24 maio, 2010

Ô sol, saudade!

O sol estalado na janela. Chegaram os dias de verão na Alemanha. O estado em que eu moro é quase sempre frio. Não faz tanto frio como em outras partes do país, mas também não tem um verão aproveitável. London flair, grey, rainy, kind of cold.

Mas hoje a maneira como o sol bateu na janela me lembrou a maneira como a luz do sol é refletida pelo prédio na Rua Pinheiros que fica bem em frente a faixa de pedestres que eu atravessava para ir ao Sesc.

O calor abafado do quarto me lembrou da sensação que se tem em São Paulo quando o sol aparece forte... O bafo do asfalto, o abafo da cidade.

Tudo isso me lembrou da saudade que eu aprendi a sufocar, a abafar... Atravessar a rua para ir na padaria, comprar as broinhas de milho que eu e o Fa amamos. Atravessar a rua para ir ao Sesc encontrar o Everton e fazer academia. Atravessar a rua para ir ao cinema com a Rose. Atravessar a rua para jantar na praça de alimentação do Center 3 com o Tiago.

ô Sol, quanta saudade que você traz!

23 maio, 2010

amigos gurus e budismo

Essa semana recebi novamente um email de uma pessoas que foi uma grande amiga, companheira de trajetória por um tempo na minha vida. Havia prometido a ela não ler mais as suas mensagens, mas por um lapso da distração, ao ver o nome, automaticamente abri o email e lá estava mais agressão.

Fazendo um grande parenteses, fiquei pensando em duas coisas a semana toda. Duas conversas com dois amigos, com os quais já enfrentei conflitos e também com os quais superei conflitos.

A primeira delas foi com o meu sábio amigo Everton. Ao recomeçar a USP no semestre passado, ou melhor, ao começar pela primeira vez na minha vida um semestre com equilíbrio emocional e suporte financeiro, um grande ressentimento e uma enorme tristeza tomaram conta dos meus sentimentos. Fiquei surpresa de ver o quanto eu consigo produzir, de ver tudo o que eu sou capaz e, olhando para trás, ficava pensando como tudo teria sido, se eu tivesse tido essas coisas desde o começo. Como muitos fazem, talvez por influência do nosso amigo Freud, fui buscar as raízes, encontrar culpados e traumas. Não que tudo o que ele tenha dito seja inútil, mas conversando com o Everton reforcei uma filosofia, uma maneira de lidar com a vida, que apesar de achar muito, mas muito sábia, na maioria das vezes, deixo de aplicá-la a minha vida.

O contraponto do Everton às minhas amarguras foi justamente o fato de eu estar novamente olhando para trás e remoendo e gastando energia, tempo e paz na direção errada. E se eu passasse a ser responsável pelos meus atos, sujeito da minha própria vida e enxergasse que eu, agora, posso usar essa energia para produzir mais, para ser mais feliz, para renovar o ciclo. Existe a fase da análise, quando nos deparamos com os porquês, as razões da areia que fica enguiçando nossa engrenagem. E, a construção, a fase que segue, é conseguir construir algo de novo à partir desse (re)conhecimento.

A segunda conversa foi no delicioso encontro com uma outra amiga que considero muito sábia, a Luana. Em algum momento estavámos conversando sobre defeitos, coisas que eu gostaria de "melhorar" na minha personalidade, e a Luana me apresentou um conceito muito interessante (espero que consiga explicar, a coisa é complexa e acho que aqui ficara meio superficial): nos somos feitos de características negativas e positivas. Apesar das palavras negativa e positiva já carregarem um juízo de valor em si, é importante nos distanciarmos do julgamente e enxergarmos tais características como pilares na fundação da nossa personalidade que possuem o mesmo poder de sustentação e têm a mesma importância para a constituição da nossa personalidade. Os pilares que julgamos como negativos e que ficamos tentando derrubar, podem também ser de vital importância e estar sustentando uma porção de outras coisas no nosso complexo eu.

É claro que a primeira vista parece absurdo dizer que, se eu tennho tendências assassinas (exagerando é claro), tenho que liberar geral. Talvez uma das últimas aulas que assisti no curso de budismo seja esclarecedora. Você observa e reconhece em sua constituição tanto aquilo que chamamos de defeito, quanto aquilo que chamamos de qualidade. Ambas as coisas são fundamentalmente energia. Raiva, tristeza, rancor também são. Quando você vai além do julgamento e entra em contato com o fundamento, você percebe que a raiva que te move para agredir uma pessoa contem em si uma quantidade enorme de energia, que você pode usar em outra direção, para atingir outros objetivos além de dar umas porradas no ser que te faz sentir assim.

Essas duas conversar são para mim muito significativas e complementares. Lidar com a nossa bagagem de vida e emocional é essencial para alcançar uma das coisas mais importantes na vida, pelo menos na minha opinião: serenidade.

E são essas duas conversas que me ajudam muito quando penso nos dois rompimentos do ano passado.

26 junho, 2009

Coisas Bonitas da Vida

Na minha última postagem eu estava muito triste... Com a sensação terrível de que nada mais me restava, que minha vida toda era uma grande porcaria. Sou humana, às vezes me sinto mal, às vezes fico de mau-humor... nada de a-normal.

No entanto, depois de passar por um longo período difícil esse ano, por muitos motivos diferentes: pela minha alergia a ácaros, pela dificuldade de lidar com um inverno rigoroso, pela falta de sol, pela saudade da minha vó, etc. No fundo acho que tive razoes mais do que o suficiente para me sentir o último ser desse universo.

Contudo, depois de anos de terapia bem feita, a gente aprende a reconhecer as crises, a detectar as razoes e superá-las. Acho isso sempre possível se um ser conhece a si mesmo, ainda que isso pareca frase de livro de auto-ajuda. Conhecer-se não deveria ser tido como uma coisa clichê, crise de madame de classe média com um pudlo no seu colo...

É importante conhecer conscientemente seus ideais e importante reconhecer as mudanças que acontecem todos os dias dentro d'a gente. Isso porque a essência do ser humano não é constante e acho que não existe nada mais plástico do que a nossa natureza. Mas é preciso estar alerta a si mesmo para conseguir trabalhar as emoções que nos bombardeiam todos os dias; além disso é preciso estar alerta para trabalhar essas emoções de forma profunda e não simplesmente viver uma vida superficial.

A verdade é que eu aceitei muitas coisas na minha vida e fui as aceitando assim como elas chegaram e não estava lá por mim. Por isso, chegou um momento eu que eu não reconhecia nada daquilo como meu e não me reconhecia mais no meio de tudo aquilo. Falo isso para fazer uma conexão com o momento que vivi no primeiro parágrafo, eu estava triste e me reconheci triste e pude trabalhar minhas tristezas e pude sentir o porque elas estavam ali, exatamente onde elas estavam e superá-las... Mas houve um momento em que eu não pude ver as minhas tristezas, não soube reconhecer as frustacoes e precisa recomeçar.

Foi nesse momento, quando uma casa "caiu" na minha cabeça, que eu percebi que eu não estava lá por mim, só que eu ainda não sabia como desatar todos os nós, como me resgatar da confusão que estava sentindo.

Eu estava morando em uma casinha adorável com duas cachorrinhas fofíssimas, se não fossem todos os problemas que vinham com elas. Tudo custava muito tempo, muita dedicação, já que as cachorras são dois "serezinhos" que precisam de cuidado, atenção e afeto e a casa precisava de muito cuidado por apresentar problemas estruturais, com infiltração de água, falta de luminosidade, mofo, etc. Tudo custava também muito dinheiro e eu precisava trabalhar muito, muito mesmo, se não quisesse abrir mão de toda a minha vida social. Cheguei a viver um período no qual não podia dormir mais do que quatro horas por noite.

Além de tudo isso eu estava vivendo uma ruptura com um outro ciclo vicioso da minha vida. A constante falta de auto-estima que me levava a aceitar relacionamentos estranhamente danosos. Foi uma espécie de repetição do meu primeiro longo relacionamento, com um garoto que me fez muito mal e no qual eu aprendi muito pouco... eu precisava repetir a dose, precisava viver tudo aquilo e refletir, trabalhar os sentimentos e superar. Foi violento, não fisicamente, emocionalmente. No final do relacionamento eu chegava a trocar os nomes dos dois e nunca sabia de qual dos dois eu estava falando; na verdade eles foram as mesmas pessoas para mim.

Ainda assim, muitos dos relacionamentos que seguiram esse último foram muito estranhos, confusos e... behhhh! horrorosos. Com a única diferença de que eu dei a volta por cima e consegui por um fim nesses relacionamentos e não sofri ( e fiz sofrer) por dois, três anos. Mas eu havia me causado muitos danos e me sentia totalmente sem a capacidade de me apaixonar, de me entregar. Eu havia agido tao estupidamente, eu havia prestado tao pouca atenção aos meus limites que esgotei definitivamente a minha capacidade de me entregar.

Essa sensação de frustração e infelicidade haviam se estendido a quase todo o resto da minha vida: eu estava cansada!

Mas eu estava com a volta por cima preparada, uma nova cartada escondida na manga. Eu havia decidido deixar tudo e passar um ano na Alemanha, para desfazer outros nós da minha vida, para dar sentido ao curso que eu havia quase terminado na Universidade, para estar longe, longe de tudo e poder entrar em contato comigo mesma.

No meio dessa decisão eu conheci o Norman, mas eu estava esgotada e duvidava que algo de extraordinário pudesse acontecer de um encontro tao banal. Mas lá no fundo eu sabia que melhores momentos estavam por vir, talvez por que eu desejava esses momentos e ainda que no meu passo, no meu ritmo lento, eu estava na direção deles com uma fúria invencível e certamente irreversível.

Eu ainda sofri muito no meu primeiro ano como au-pair. E nenhuma das mudanças que aconteceram foram rápidas, estou escrevendo essa postagem mais ou menos três anos após tudo isso que contei. O Norman foi uma luz, um apoio muito importante de uma forma totalmente sutil e intensa. Eu nunca estive sozinha antes, seria injusto dizer isso, tive sempre tantos amigos me apoiando, tantas forcas por todos os lados. Mas ele não era só um amigo, ele também era o namorado e de uma forma toda natural, o namorado que eu sempre havia buscado.

Foi então que eu decidi ficar e dar um rumo totalmente diferente para minha vida. Com medo de deixar tudo para trás e ser irresponsável... Com medo de falhar, com medo, com medo e tendo que agir de forma responsável e... bem, muito devagar percebendo que isso não era irresponsável e muito devagar sentindo que nada tinha que "dar certo". Que a vida é cheia de tentativas e essa era uma delas, a minha tentativa, perto de alguém que me fazia bem, perto de mim mesma também.

O resumo de tudo é que a minha vida melhorou, mudou para melhor de uma forma tao abrupta, que eu demorei mais um ano e meio para me acostumar com as coisas boas que chegaram. Eu queria tanto me sentir leve, mas quando tudo isso chegou, eu não queria deixar os pesos e tive que ir me livrando deles um a um.

Eu ainda estou me livrando deles! Mas como é bom poder ser feliz!

12 março, 2009

É a vida... que nem sempre é bonita!

Outro dia estava falando com a Simone no telefone e fazendo um resumo dos últimos acontecimentos da minha vida de dezembro para cá. Quando desliguei o telefone, queria pular da janela e ficar lá deitadinha, apagada, como o passarinho depois de bater com a cabeca na janela.

Eu estou bem, eu me sinto bem, mas confesso que nao sei porque. Queria ainda ter a forca dos meus 18 anos, entrar no quarto e chorar por uma semana, com as luzes apagadas... Mas tem o Norman, que chega todo dia as 18 horas com esse sorriso maldito e essa enorme vontade de me fazer sorrir. Ele nao pode me ver mais caidinha: encara o palhaco que existe dentro dele e faz meu mundo ficar leve...

Vê, a culpa é dele... Por que na verdade, meu mundo caiu!

Eu queria também ligar para meus amigos, chorando, pedir socorro... Mas chega um momento da vida que você percebe que as decisoes sao só suas e que ver os amigos é extremamente prazeroso, mas que nada do que eles facam vai te ajudar a fugir da raia.
Claro, novamente, quando encontro (ou ligo) para meus amigos, eles vem com sorrisos e elogios e sorvetes e cafés. Me fazem ver tantas coisas positivas na minha vida e em mim, que outra vez, a vida fica leve.

Vê, a culpa é deles... Por que na verdade, meu mundo caiu!

Mas pesando a realidade dura... Eu estou de saco cheio. Doente desde outubro, enfrentanto crises de dor de cabeca, dormindo mal, respirando mal... enfrentando, médicos desinteressados e curas superficiais... Agora veio a história do dente... Desde o ano passado brigando com as burocracias de visto, de faculdade, de USP, de UNI Essen... De Departamento de Estrangeiro, de taxa de televisao... Estou preocupada com meus pais, com os telefonemas forjando sequestro, com a pessoa que sabe a senha da minha mae e usa o Skype dela. Com a loja, com o tanto que meu pai tem que trabalhar, com a dificuldade de ganhar o salário dele de todo mês... Estou com saudades da minha vó.

25 fevereiro, 2009

A vida nao para nao, nao para nao, nao para...

Outro dia estava conversando com meu novo aluno sobre a vida, um cara muito descolado, muito legal mesmo (meio doido, claro, pr`eu gostar assi...) e já nos seus cinquenta e poucos e uma neta. Enfim, a tal da empresa onde ele trabalha comecou a receber contratos "no estrangeiro" e ele, como encarregado, tem que ir aonde Deus, ou melhor, o trabalho mandar. Só para organizar essa história, a empresa é alema, ele é alemao e precisam se comunicar com os trabalhadores que vao gerenciar por aí, por isso, ele tem que aprender inglês com euzinha'qui.

Agora, se você ainda nao pois os pingos nos IIIIIIIIIIssssss: 50 e muitos, curtindo a neta, clima de quase parando e BUM! reviravolta!

Mas tudo isso nao seria o fim do mundo se ele estivesse indo para os Estados Unidos, Australia, Canada ou qualquer lugar onde ingês de fato o ajudaria. Na semana passada mandaram ele para o Ira. Preciso dizer que o inglês que eu ensinei nem vai ajudar muito?

Ele me resumiu tudo isso aí com um ditado popular alemao: "O burro fica velho, mas tem sempre que carregar mais nas costas!"

A vida nao para e nao adianta ficar esperando ela parar para comecar, nao é conselho de canal de televisao ou de livro de auto ajuda, nem é nada especial, tudo isso é fato, é assim mesmo, nao tem jeito.

Eu, por exemplo, estava rezando para as que as provas acabassem, para ter sossego e cuidar de umas coisas pendentes... As provas acabaram e eu fiquei doente, e nao é doentizinha nao, problemaco; essa foi a primeira noite em duas semanas que consigui dormir uma noite inteira.

Fui trabalhar, estou na facu, peguei os livros de latim, vou trabalhar de novo! Estou ainda um pouco surda, com ouvidos tinindo, pulmoes atacados, dor de cabeca... Mas a vida nao para, vamo que vamo!